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Tuesday, October 29, 2013

Zhao Renhui 
Blind Long-tailed Owl, Desert Variant of Little Owl from the series, As Walked on Water, 2011
Installation of vinyl print, 280cm x 194cm


The Institute of Critical Zoologists
Friday 27 April — Sunday 17 June 2012
Chapter Arts Center
Cardiff, Wales, United Kingdom

"The Blind Long-tailed Owl (2011), ‘watches’ over us at both the beginning and end of the exhibition - This owl has evolved a sight-sheltering plumage to cope with the desert conditions it has been forced into, due to de-forestation. This bird becomes a totem; it’s visual impairment /adaptation alludes to the limitations of the human regard for animals and suggests a change of perspective and abandoning of our assumptions about reality." 

Copyright 2012, Institute of Critical Zoologists

Monday, October 28, 2013

Não vale dizer "diz 33" nem "é a idade de Cristo", sim? Caramba, já não chega uma pessoa ser obrigada a envelhecer sem querer envelhecer. Mas confesso que sou muito - mesmo muito - mais feliz com 33 do que fui com 13 ou 23. Sou uma trintona cheia de sorte na vida.

Friday, October 25, 2013

Pai,

Prometi (não a ti mas a mim) que não vou escrever coisas mórbidas. Acho que não irias gostar. Mas olha, acho que não consigo melhor que isto.

As pessoas, quase todas, dizem-me, repetidamente (e tu sabes, como poucos, o que detesto que me repitam a mesma coisa - tal como tu, só preciso que me digam uma vez) o quão forte eu sou. Sinto sempre que é um insulto a ti, que estão a dizer que não gosto de ti o suficiente e que não estou a sofrer. Fico sempre a pensar que estás a ouvi-los e ficas a questionar se eu estarei triste. Estou tão triste que não tenho palavras para descrever.

Já sei que não gostas de me ver triste mas, caramba, então podias ter acordado, não? Eu sei que não podias e que tentaste. Não estou chateada contigo. Mas estou muito chateada por não poder ir tomar o café contigo antes do Natal e dizer a falta - a enorme falta - de vontade que tenho em celebrar o Natal. Não é coisa que se diga, não fica bem, o Natal é da família e as filhoses tão boas, tão bonitas, tão loirinhas. Tu percebias o meu enfado em ter que embrulhar prendas e prendinhas para pessoas que mal conheço e ter que jantar bacalhau cozido que não gosto, muito menos se for obrigada. Tu percebias a espécie de urticária que me davam aquelas músicas de Natal nas lojas quando a mãe se lembra que falta mais não sei o quê para não sei quem. Tu percebias que eu adoro a mãe, a minha verdadeira melhor e incondicional amiga, mas que não lhe posso dizer que detesto o Natal como te digo a ti porque ela não percebe o meu enfado e enjoo perante a ideia da noite de Natal. Tu sabes do que falo e do que estou a censurar aqui.

Estou mesmo, mesmo muito, chateada por não poder tomar mais cafés contigo e retribuir o teu sorriso quando a mãe diz "a minha mala fica aqui". Estou muito chateada por não poder ir contigo ao Centro Comercial Alvalade (mas parece que não estamos a perder muito, pelo pouco que pude ver quando estive lá). Estou muito chateada por tudo o que não te disse, pela viagem a Berlim que não fizemos juntos. Estou muito chateada porque não te mostrei fotografias suficientes dos lugares que gostavas de ter visto. Estou muito chateada por nunca ter dado importância quando dizias "o coração do pai está muito fraquinho". Achei sempre que davas muita importância a dores de cabeça e constipações e que isso era igual.

Pai, não sei nada. Não tenho nenhuma religião, não sei bem no que acredito. Talvez por isso me seja mais difícil aceitar que te perdi, não sei se te volto a ver, não sei o que há e se há alguma coisa a seguir. Mas se houver e se de algum modo puderes saber quem és, quem foste e quem eu sou, eu estou triste e não estou a lidar bem com nada disto e não, não sou nada forte. E não quero ser. Estou cansada e cheia de medo, restam-me tão poucas pessoas e nunca será tempo suficiente.


Porque é que há tantos blogs com nomes que incluem a palavra pipoca, no singular, no plural, no feminino e no masculino? 
então foi por isto que hoje o meu percurso de 10 minutos se transformou em percurso de 30 minutos.

Link

Safety zone your - caríssima capital da Europa - royal ass.

Wednesday, October 23, 2013


Depois de uma hora, lembrei-me do nome das árvores que parecem a Olivia Palito: Ciprestes!
(imagem retirada daqui)

Monday, October 21, 2013

Pescadinha de rabo na boca.



Também se podia fazer um seminário "designing the design" ou "enginnering the engineer" ou "cooking the cook" (esta com a apresentação do filme Hannibal). 

Thursday, October 17, 2013

Informação do dia:

"O seu gelado de baunilha sabe, afinal, a rabo de castor?

O aroma a baunilha vem da baunilha, certo? Errado. A substância química que os castores usam para marcar território tem um aroma semelhante, que o leva a ser usado em perfumes e como aditivo alimentar. Agora, já sabe o que pode haver no seu gelado..."



Wednesday, October 16, 2013

Para não estar sempre a criticar, um projecto muito bom em Estocolmo que parece falar do mesmo do que o post abaixo mas actua para além da reflexão e está muito para lá dos -ismos:

Tensta Museum: Reports from new Sweden

26.10 2013-18.5 2014 Tensta Museum: Reports from New Sweden is about the history and memories of Tensta, both in relation to the place and to the people who live and work there. Some forty artists, architects, local associations, performers, sociologists, cultural geographers, philosophers, and others address the past in, for example, art works, research projects, seminars, and guided walks. At the same time they will be reporting on the condition of things in Tensta today, on what can be described as the “new Sweden.” This is a Sweden containing people of widely different backgrounds, where economic and social differences are palpably intensifying: according to a new OECD report, income gaps in Sweden are increasing the most rapidly of any of the 34 member states. In their contributions to Tensta Museum, some of the invited participants will also be looking forward and proposing future scenarios.

- Tensta Konsthall, dirigido por Maria Lind (aqui)

Friday, April 18, 6:30pmJens Hoffmann: Curatorial Déjà vu

In his lecture, Jens Hoffmann will explore the recent trend in exhibition-making to revisit, recurate or otherwise reanimate historically important exhibitions. Hoffmann will discuss the thoughts and ideas that culminated in his recent revival of two legendary shows from the 1960s: Primary Structures (The Jewish Museum, New York, 1966) and Live in your Head: When Attitudes Become Form (Kunsthalle Bern,1969), resulting in Other Primary Structures (The Jewish Museum, New York, 2014) and When Attitudes Became Form Become Attitudes (CCA Wattis Institute for Contemporary Art, San Francisco, 2012).



Esta mania de recriar exposições, de recriar modernismo e todos os -ismos e chamar-lhe pós-qualquer coisismo não será porque ainda ninguém conseguiu pensar em falar de alguma coisa mais interessante aqui e agora? Teorismos. Snobismo Déjà vu. Como é que ninguém se lembra de fazer um simpósio sobre teorismos e snobismos? E de cenismos*?

*da expressão "da cena". 
Há uns anos, alguém dizia qualquer coisa como "vês as cores das árvores, ligas a esses detalhes da natureza e essas coisas para não veres o que te rodeia, és demasiado sensível". Na altura, não soube responder. Durante muito tempo, pensei que aquele senhor tão mais velho do que eu, com tanto mais conhecimento do que eu, estivesse certo.

Hoje, entrei num café e vi três vasos com orquídeas que, coitadas, agora parecem ser a flor / planta da cena e são obrigadas a estar em todos os cafés da cena, faça sol, sombra, calor ou frio. À excepção de flores em ramos, gosto e sempre gostei de quase todas as plantas e flores, natureza em geral, orquídeas incluídas, em especial as mais pequenas, mais frágeis, algum psicanalista saberá explicar. As orquídeas estavam quase mortas, por falta de água e de sol. Fiquei a inspeccioná-las uns minutos e, percebendo que estava a parecer ridícula, lembrei-me daquela frase que me informava da razão de eu ver estas coisas que a maior parte das pessoas não vê. Sentei-me. Será que ele tem razão?

Não, não tem. Eu vejo muito bem o que me rodeia. Vejo, todos os dias, pessoas cheias de preconceitos sobre o que é ser ou ter, sobre o que é saber ou fingir que se sabe, sobre o que é partilhar conhecimento ou exibir conhecimento. Vejo, todos os dias, pessoas cheias de certezas absolutas que não querem escutar o que quer que seja que contrarie as suas certezas. Vejo, todos os dias, pessoas na rua a pedir e, muitas delas, não são simples sem-abrigo, é muito mais complexo e feio do que isso. Vejo, todos os dias, pessoas que trabalharam uma vida inteira e que agora lhes tiram os direitos que conquistaram. Vejo, todos os dias, pessoas a ir à farmácia e escolherem os medicamentos que podem levar para casa enquanto outras pessoas escolhem passar férias na Comporta ou em Bali. Vejo, todos os dias, pessoas a falar em mudança social sem olharem ao espelho e questionarem o que podem mudar em si próprias, o que podem fazer enquanto indivíduos. Vejo. E não tento não ver. Mas isso não me impede de ver os tais detalhes que fazem de mim, aparentemente, alguém demasiado sensível. Demasiado sensível sim, deliberadamente cega não. 

Tuesday, October 15, 2013

Textos complexos, incompreensíveis, que precisam de um dicionário para serem lidos são altamente valorizados nas artes e no meio académico. "Que texto fantástico" é o equivalente a "não percebi nada, deve ser muito inteligente". Recuso-me a escrever para elites que, francamente, também não sabem o significado de metade do que está escrito nesses textos ditos complexos. Recuso-me a escrever um texto que é para estar na parede de um museu em que os seguranças do próprio museu não percebem o que está escrito e ninguém se dá ao trabalho de lhes explicar (talvez porque não sejam explicáveis). Recuso-me a escrever um texto em que é preciso passar metade do tempo que o escrevo a pensar como usar sinónimos incompreensíveis para palavras simples. Recuso-me a citar autores que não li e de que sei apenas referências. Recuso a complexidade pela complexidade. Parece-me, sinceramente, que o conhecimento poderia servir para ser partilhado que é muito diferente do que ser exibido.

Monday, October 14, 2013


Roubado descaradamente daqui.
Alguém que leia este blog ao engano, alguém que pare aqui, uma alma caridosa que faça o favor de aconselhar um livro? Um livro que não seja do Paulo Coelho ou afins. Saramago, com nobel ou sem nobel, não consigo lê-lo. Assim em poucas palavras, um livro que não seja de auto-ajuda, nem de histórias das senhoras que querem convidar as amigas no chá para um lançamento de um livro num evento qualquer num sitio "cheio de gente gira". Um livro que não precise de ter um dicionário ao lado para decifrar cada parágrafo e que não me faça reler cada página para poder passar à seguinte.

Agora que acabo de ler o que escrevi, vejo semelhanças com os briefings de quando trabalhava em design. Pior, semelhanças com os pedidos de textos críticos e de exposições. O caso está grave. 

Thursday, October 10, 2013

Sempre que me dizem "sinto muito", lembro-me de um comentário de um amigo (ou era só colega? já foi há muito tempo) que dizia a propósito de eu dizer que um outro amigo (ou só colega, já disse que foi há muito tempo) era muito sensível. Ele, do alto dos seus então 12 ou 13 anos, respondeu-me com um seco "pois, deve ser. deve ser sensível ao vento." É mais ou menos isso que gostava de responder agora a todos os "sinto muito". Deve sentir muito. O quê, exactamente? 

As pessoas dizem coisas para ajudar, para serem simpáticas, porque fica bem. Mas, às vezes, parece-me que o uso que dão às palavras não é muito diferente do uso dado por papagaios.
- ainda bem que não foste tu.
- porquê?
- porque és tão nova, se calhar é estúpido dizer isto mas é suposto serem as pessoas mais velhas a morrer primeiro.
- pois, é verdade. é estúpido dizer isso.

Wednesday, October 9, 2013

O meu pai tem a 4ª classe. Tem (recuso-me a falar no passado), também, muito mais cultura de vida do que eu com aqueles papéis ridículos, um cor de rosa escrito a latim que ninguém percebe, outro beige, a cor mais feia do espectro de cores, com um emblema idiota que parece um brazão, que atestam os meus graus académicos. Num dos muitos cafés que gostava (entretanto, fartou-se daquele) insistiam em chamar-lhe "Sr. Engenheiro". "Sr. Engenheiro, o cafézinho está bem assim? Hoje não vai um bolinho?" O meu pai ainda tentou dizer "Não sou engenheiro" mas nunca teve muito sucesso em demover aquele senhor em tratá-lo com aquele título.

As pessoas têm esta necessidade ridícula de serem reconhecidas pelos títulos, pelo dinheiro, pelo nome se for de uma família reconhecida. Escrevo estas palavras e o sangue aquece-me. As pessoas são pessoas e não valem pelo que estudam, pelo cargo que ocupam, por nada que seja palpável ou escrito em papeis com aspecto de pergaminho ridículo. Tanto tempo que a humanidade precisa para evoluir.
Rodeada de pessoas de fato, com ar importante, sério, muito sério, a falar em várias línguas, a escrevinhar coisas certamente muito importantes e teclar ao mesmo tempo (diz-se teclar em ecrans tácteis?), questiono se estas pessoas com ar importante e sério foram, alguma vez, crianças. Depois, olho para mim, de calças de ganga, ténis. Volto a olhar para eles, muitos não são mais velhos que eu. Fico a pensar se eles pensam, por algum minuto de pausa, se o fizerem, se alguma vez deixei ou deixarei de ser criança. E percebo o quão simplista pode ser um (o meu) pensamento baseado em aparência. Mas, mesmo assim, com todo o esforço, não consigo olhar para estas pessoas e imaginá-las crianças. 

Monday, October 7, 2013

Eine Verbesserung erfindet nur der
Welcher zu fuhlen weiss:
"Dies ist nicht gut"

(Só consegue melhorar as coisas aquele que sabe sentir: "Isto não está bem".)

- Nietzsche citado por Ilse Losa em "O mundo em que vivi", 1987.
O problema das memórias é que não podemos voltar aos lugares delas. Fica só a saudade imensa e querer voltar para dizer o que não foi dito, todos os obrigadas, todos os pedidos de desculpa, e fazer tudo o que não foi feito.

Wednesday, October 2, 2013

Abutres.

"S.pe.(o) 
1.Ave de rapina, voraz, infecta, e pesada, de asas compridas, que vive de restos de animais mortos ou de carniça, comum no continente africano.
2.Fig. Homem que é voraz."