collectors of dreams - etsy shop

Wednesday, August 27, 2014

Numa manhã de Verão em Lisboa, alguém contava-me que, algures em NY, numa espécie de Jardim Botânico, tentam, a todo o custo, preservar uma planta rara, do Brasil. Levaram-na do Brasil para os Estados Unidos e esta planta mudou com a mudança geográfica. As folhas ficaram gigantescas e só há este exemplar que veio do Brasil mas já não é a planta do Brasil nem nenhuma planta dos Estados Unidos. Os botânicos do Jardim tratam-na com veneração, esta planta tão especial, retirada do seu lugar, da sua casa, uma planta que agora é enorme, num limbo entre alguma coisa e coisa alguma.

Na mesma manhã, alguém dizia-me da sua dificuldade em viver entre NY, Berlim e Lisboa. Lembrei-me da minha outrora facilidade em adaptar-me a quaisquer ambientes. Dizia, nessa altura, com orgulho, que a minha casa era precisamente onde não estava em casa, em qualquer lugar algures entre um e outro lugar. Como a planta do Brasil nos Estados Unidos, também eu mudei, com as mudanças de lugar em lugar, e sinto cada mudança das minhas raízes com taquicardia. Como a planta, também eu mudei, mas talvez para muito mais pequena.

Thursday, August 14, 2014

Life coach? Então agora treina-se para viver?

Já li, já percebi o conceito. Talvez a intenção seja boa, há pessoas que precisam de conselhos. Corrigindo, todas as pessoas precisam, mais ou menos vezes, dependendo dos momentos da vida e da sua essência, de conselhos. Mas daí a ter uma espécie de treinador (não é o mesmo do que terapia / psicologia que respeito e admiro, se não for uma dependência para toda e qualquer decisão de vida) que pregue como é suposto vivermos (regra geral, olhando para o lado positivo, pensar positivo ajuda sempre muito e meditar, meditar muito, faça chuva ou faça sol) parece-me uma ideia tão estúpida como ir confessar-me a alguém, sobre o que quer que seja.

Tuesday, August 12, 2014

Fizesse eu (ou faça eu) o raio do pós-doc e escrevo as crónicas do "queremos muito um projecto cultural mas não temos dinheiro". O sub-título será "não há dinheiro, não há palhaços".

Galeristas atrás de uma mesa que custou mais do que 3 meses do meu trabalho, com uma malinha Louis Vuitton a dizer "não temos dinheiro", não me incomoda, enfurece-me. Ditos directores artísticos a pedirem um projecto ali para o Hotel da moda a quererem pagar com percentagem de vendas potenciais (quando / se venderem), também não me incomoda, só me leva a questionar se foi com 20% de vendas hipotéticas, numa data hipotética, que ele pagou o BMW, o iPad, o iPhone e a moradia. Dá-me também uma enorme vontade de perguntar se sabe que esse projecto não é um projecto curatorial mas de decoração, mas isso é outra conversa e poupo-me de ouvir um "não é a mesma coisa?". Directores de Faculdades a aprovarem compras de mais computadores topo de gama mas fugirem da contratação de professores para disciplinas que estão a ser leccionadas por quem jamais exerceu o que está a leccionar também não é nada incómodo, é inenarrável, estúpido e vai contra a missão de uma instituição de ensino.

É raro saber o que se quer fazer profissionalmente desde sempre. Sempre quis trabalhar com arte, mas questiono, agora, se o saldo é positivo. E não é do saldo bancário que se trata.

Monday, August 11, 2014

Na ausência de inspiração para concluir a metáfora em palavras, deixo as imagens.

Dicionário de sinónimos alternativo #qualquer coisa, perdi a conta.





Os nomes das bebés-meninas de hoje lembram-me todos nomes de avó. De Carlota a Maria do Carmo a Maria do Amparo só falta conhecer uma bebé Antonieta, nome da minha avó que sempre me deixou a pensar se a minha bisavó Mariana saberia da história da Maria Antonieta.

Friday, August 8, 2014






Tate St. Ives - Tate será sempre Tate (a programação, a colecção, as inúmeras actividades) mas Tate junto ao mar é o sonho. Infelizmente, na minha visita em 2000 e troca o passo esteve sempre cinzento e a chover, nada do que se vê aqui. Ainda assim, lindo.
(fotografias encontradas através do google images, não são minhas mas vou acreditar que sim, que a Cornualha tem dias destes)
A frase que mais recordo (e, talvez, a que mais falta me faz) dos domingos com o meu pai é "Tens que aprender a esperar, essa preocupação toda no próximo domingo já não existe e vais estar a contar-me que conseguiste e como afinal até foi fácil."

Para o meu pai, tudo o que estivesse relacionado com algum desejo meu, iria ser, inevitavelmente, concretizado. Quando não dependia dele (talvez quando os meus desejos passaram a ser mais exigentes que o panda de peluche da loja Trenó, que me acompanhou a infância), mas de outras pessoas mais do que do meu trabalho e esforço (ou dos pedidos ao meu pai, de menina mimada porque ser mimada não é, de todo, ter pais ricos), pedia-me paciência, o tal do saber esperar que não cheguei a aprender com o meu pai.

Sentada no café, com a cadeira da frente vazia, tento lembrar-me do sorriso, das palavras cheias de certeza e optimismo contagiante que caracterizavam o meu pai. O mesmo optimismo que caracteriza também a minha mãe. Provavelmente, quase todos os filhos dirão e sentirão o mesmo mas, ainda assim, escrevo, cheia de certeza: tive o melhor pai do mundo, tenho a melhor mãe do mundo.

Thursday, August 7, 2014

Olha a oportunidade fresquinha!

"Doclisboa'14 - Festival Internacional de Cinema
ABRE INSCRIÇÕES PARA VOLUNTÁRIOS
De 16 a 26 de Outubro o mundo inteiro cabe em Lisboa.
Os voluntários Doclisboa têm a enriquecedora experiência de fazer parte de um evento cultural de referência, contactando de perto com filmes e realizadores. Procuramos pessoas responsáveis e motivadas que nos possam apoiar nas diferentes áreas do Festival nos vários os espaços que acolhem a 12ª edição do Doclisboa: Cinema São Jorge, Culturgest, Cinema Ideal, Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema, Cinema City Campo Pequeno, Museu da Electricidade, Biblioteca Municipal Palácio Galveias e Fórum Municipal Romeu Correia, em Almada.
Para iniciar a candidatura é apenas necessário preencher este formulário, que estará disponível até dia 5 de Setembro: bit.ly/V4v574
Lembramos que os voluntários que queiram colaborar deverão garantir a sua disponibilidade durante o período em que decorre o Festival.
Até breve!
A equipa Doclisboa"

Simpatizo muito com o Doclisboa. Gosto - regra geral - da programação; gosto da missão e do trabalho que desenvolvem na cidade; admiro a maneira como gerem um orçamento ridiculamente pequeno. Mas, por favor, não pintem de ouro o que não é mais do que um pedido de ajuda. Acho muito bem que hajam voluntários, cidadania e interesse por causas culturais mas chamar-lhe de experiência enriquecedora como se os voluntários estivessem perante uma oportunidade magnífica, é demais. Não há problema nem é vergonha nenhuma pedir ajuda no que quer que seja. Mas é uma vergonha passar a mensagem de que o ajudado é quem está a ajudar.

Tuesday, August 5, 2014

"Um sapinho por dia não sabe o bem que lhe fazia" é uma frase que fui interiorizando por feitio e circunstâncias, apesar de, grande parte das vezes, serem sapos estratégicos que isto dos sapos há de todos os tipos. Muitos sapinhos engolidos depois, que isto de não ser filha ou sobrinha de alguém com nome sonante é uma espécie de adubo para sapinhos, penso na possibilidade de overdose por sapinhos engolidos e se não seria melhor mandar todos passear.