collectors of dreams - etsy shop

Wednesday, July 31, 2013

E a duração dos contratos dos senhores ministros, passa para quantos meses? 


(não escolhi esta frame, a culpa é do grab ou então é o senhor que não tem uma divida para com a fotogenia. E, aparentemente, também não tem nenhuma divida para com a inteligência).
*dicionário (alternativo) de sinónimos #02





Banha da cobra, a definição. Ou mais um parágrafo para o lixo. Nunca o botão de delete foi tão bem usado.
Lista de agradecimentos de uma tese de doutoramento. 

Cop: Occupation?
Rebel: Associate professor of history.
Cop: That’s too long. I’ll just put down clerk.


- Zabriskie Point, 1970

Tuesday, July 30, 2013

"É como brincar aos pobrezinhos." (passar férias na Comporta)
- diz a Cristina Espírito Santo em entrevista à Revista do Expresso. A minha dúvida está em perceber quem é mais idiota: a entrevistada com as palavras desprovidas de qualquer sentido de realidade ou o entrevistador que teve a ideia de escrever sobre este tema (qual tema?). 

(soube desta maravilhosa entrevista no blog da Pólo Norte).
- Profissão?
- Curadora.
- Decoradora?
- Não, curadora.
- Curadora?... Nunca ouvi falar, o que é?
- Curadoria está relacionado com organizar exposições, colecções de arte*.
- Então e isso não é decoração?

(este diálogo não é inventado)

*Lição: resumir não é necessariamente simplificar e nem sempre dá bom resultado. 

Monday, July 29, 2013


É tudo uma questão de perspectiva. Pode ser a segunda maior cidade de um país* para alguns que para outros será sempre uma espécie de subúrbio. 

*(isto não é Portugal)
*stupid humans with their stupid fences. and they call us territorial. did I mention that humans are stupid?




Já sei que posts com gatos e cães e afins são fofinhos a atirar para o cor de rosinha e isso é uma grande chatice, a gerência lamenta. 

Friday, July 26, 2013

(imagem retirada de um relatório da McKinsey & Company) 

Lembrete para mim mesma: não fazer mais um doutoramento, não fazer um pós-doutoramento, não nada que tenha teses. Mas também quem é que se lembra de escrever sobre mudança social? Claro que têm que aparecer coisas assombrosas a cada cinco minutos de pesquisa. Estava tão melhor quando não sabia tanta banha da cobra.

- Alphaville, 1965

Thursday, July 25, 2013

CAM - Gulbenkian de Parabéns (30 anos).

(toda a informação, imagens e texto retirados do site do CAM Gulbenkian)


Sob o Signo de Amadeo

Um Século de Arte

26 de Julho de 2013 a 19 de Janeiro de 2014
Todos os espaços do CAM
Curadoria: Isabel Carlos, Ana Vasconcelos, Leonor Nazaré, Patrícia Rosas e Rita Fabiana




Vista da exposição


Vista da exposição


Vista da exposição


Vista da exposição


Vista da exposição




Vista da exposição



Vista da exposição




Comemorando os 30 anos da abertura do CAM ao público, a 25 de Julho de 1983, uma exposição invade todos os espaços do centro, apresentando pela primeira vez ao público a totalidade do acervo de Amadeo de Souza-Cardoso (1887-1918). A revisitação da obra pioneira deste pintor na história do modernismo em Portugal, como aquela que teve lugar quando o CAM foi inaugurado há três décadas, celebra Amadeoenquanto referência maior da arte do século XX e âncora desta coleção, história comum que serve de leme à viagem proposta pelo CAM, percorrendo um século de arte, desde 1910 até aos dias de hoje, por uma das mais significativas coleções de arte portuguesa deste período, contendo ainda importantes núcleos internacionais, cujas primeiras históricas aquisições remontam a 1957.

Ocupando todo o espaço do edifício do CAM, entre 26 de Julho de 2013 e 19 de Janeiro de 2014, encontra-se exposta cinco por cento da coleção de arte moderna e arte contemporânea que, trinta anos depois, conta com mais de dez mil obras. O itinerário através do século passado, sob o signo de Amadeo, tem vários portos definidos, oferecendo vários núcleos de interação com a coleção, começando pela Galeria 01, onde se encontra reunida a obra tutelar do modernista português. Na Nave, é prestada uma particular atenção ao corpo humano e ações performativas, um dos temas eletivos a orientar a exposição, aproximando o papel da vanguarda do público atual, e lembrando o museu como lugar de encontros com a arte viva.

Na Primeira Sala, é estabelecido um diálogo entre a arte portuguesa e britânica, um dos focos históricos da coleção, em torno do legado da arte Pop. Na Galeria 1, foram selecionadas obras-primas da coleção do CAM, permitindo uma sinopse da arte moderna e contemporânea, desde as vanguardas históricas do futurismo e cubismo, passado pelo neorrealismo e surrealismo, seguido das neo-vanguardas, até aos anos mais recentes, e cobrindo as várias disciplinas artísticas da pintura, desenho, escultura e fotografia. Na Sala Polivalente, é exibida a coleção de filme e de vídeo, enquanto na Sala de Exposições Temporárias, um conjunto variado de obras explora tematicamente a ideia do palco e da teatralidade na modernidade. Os trinta anos de ininterrupto apoio à criação contemporânea por parte do CAM, são também celebrados nesta efeméride, com a ativação de recentes aquisições para a coleção, no caso da instalação AIROTIV de André Guedes (n. 1971) - ver aqui os horários -, e com a encomenda de obras inéditas a dois artistas portugueses, a Rodrigo Oliveira (n. 1978), para a fachada do edifício, e a Carlos No (n. 1967), para o hall de entrada.

No dia em que celebra o seu aniversário, o CAM convidou o ator Diogo Dória para uma leitura pública d’A Lenda de São Julião Hospitaleiro de Gustave Flaubert, que será feita junto das ilustrações do conto feitas por Amadeo de Souza-Cardoso em 1913.

Paralelamente à exposição da coleção do CAM, uma das mais vastas já realizadas, confrontando núcleos históricos com as obras mais recentes, assumindo a dupla vocação do museu, e considerando o registo vanguardista que perpassa o acervo, decorre um ciclo de performance (entre Outubro e Dezembro), eleita como uma das linhas da programação e apoio à criação. O ciclo inicia-se com um percursor da performance em Portugal, Alberto Pimenta (n. 1937), seguido de Pedro Tudela (n. 1962), Ramiro Guerreiro (n. 1978), Joana Bastos (n. 1979), Musa Paradisíaca (Eduardo Guerra [n. 1986] e Miguel Ferrão [n. 1986]), Martinha Maia (n. 1976), terminando com Isabel Carvalho (n. 1977), atual bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian em Berlim.

Simultaneamente, reunindo os trabalhos mais recentes na historiografia da arte, e procurando um palco de discussão entre os especialistas, tem também lugar no CAM, no mês de Novembro, um Colóquio Internacional sobre Amadeo de Souza-Cardoso, organizado pelo Instituto de História da Arte (IAH) e pelo Centro de Estudos de Comunicação e Linguagem (CECL) da Universidade Nova de Lisboa.

Celebrando o aniversário do CAM, foram também programados outros eventos na Fundação Calouste Gulbenkian, com destaque para uma exposição que se desenrola em simultâneo na Biblioteca de Arte, intitulada “CAM - 30 Anos de Catálogos e Posters”, e, na noite em que se celebra o trigésimo ano de existência, com entrada gratuita, o projeto musical de Maria João e OGRE toca no Anfiteatro ao Ar Livre, numa colaboração com a 30ª edição do festival Jazz em Agosto.

Notas algo esquizofrénicas para não me esquecer do que tenho que escrever. Estas notas lembram-me quando tinha alguma dor no pulso e a letra tremia e, ao reler, não percebia a minha própria letra. Só que aqui não posso culpar a letra.

As pessoas ficam muito estranhas quando fazem a mesma coisa durante muito tempo seguido. Ía fazer uma comparação com trabalhar numa fábrica mas depois percebi que não é nada politicamente correcto e que me estou a esquecer das não condições a que um operário é sujeito. Pronto, já me calei.



Tuesday, July 23, 2013


Plágio em teses, em trabalhos de faculdade, em trabalhos de publicidade, em trabalhos de jornalismo, já tinha ouvido falar. A motivação talvez seja falta de tempo ou falta de motivação mas não me parecerá, nunca, justificável. Parece-me não só de uma enorme falta de ética como de respeito e, acima de tudo, auto-estima. Ou, se acreditassem nas suas capacidades, precisariam de copiar? Mais grave é não ter auto-estima com fundamento, que me parece ser o caso da maioria.

Agora, plágio de posts de blogs, em que ninguém é pago (não sendo blogs com publicidade), em que ninguém tem que escrever nem que ter um blog (só se for uma profissão) qual é a motivação? Parece-me que a única relação com os plágios de trabalhos pagos seja mesmo uma tremenda falta de auto-estima. Não conseguem escrever, não acreditam que podem ser originais, toca de copiar uns posts que gostaram e ver se ganham uns leitores enquanto se mantém sentados no canto do escritório ou enterrados no sofá. Será que sabem que escrever num blog não é mandatório nem confere nenhum tipo de grau? Será que têm mesmo prazer em ter um blog que é feito de copy-paste? Será que sabem como fazer uma citação? Parece-me, sinceramente, muito triste ver que as pessoas estão cada vez mais inseguras.

(a propósito de um post no Blog Febre dos Fenos)
Dicionário (alternativo) de sinónimos #01




ESTES CONTOS

Há muita coisa a emendar em meus contos. Às vezes eles saem totalmente ao contrário daquilo que pretendiam contar. Costumam até ficar melhor, mas nem sempre. 

Certos contos, os mais simples, parecem inverossímeis, e os inverossímeis, pois também escrevi alguns desta natureza, despertam o comentário: “Daí, quem sabe? Tudo pode acontecer”. 

Tenho a impressão de que tudo pode mesmo acontecer em matéria de contos, ou melhor, no interior deles. Houve um que se recusou a terminar, como se dissesse: “Fica tão bom assim… Só você não percebe isto”. 

Duas historietas exigiram que as concluísse confessando minha incapacidade de contista. Como eu me recusasse a atendê-las, retrucaram: “Não faz mal. Não é preciso confessar; todos sabem”. 

Só um de meus contos me acompanha por toda parte, ao jeito de gato fiel, sem que o faça para pedir alimento. É um continho bobo, anão, contente da vida. Vai no meu bolso. Não o leio para ninguém. Seu calor me agasalha. Já não me lembra o que diz, pois nunca o releio, mas sei que é raríssimo o texto que seja amigo do autor, e quanto a este, não duvido. Meu melhor amigo é um continho em branco, de enredo singelo, passado todo ele na antena esquerda de um gafanhoto.

- Carlos Drummond de Andrade
Workshop 3: Afropean Decoloniality in the Art Plantations of Modernity

- este workshop existe mesmo. Como existem tantos outros com nomes absurdos, incompreensíveis, pseudo, e com objectivos inexistentes para além do objectivo óbvio de fazer dinheiro e manter as escolas abertas. Mas durante quanto tempo manteremos as escolas abertas com cursos que não servem para nada? É isto o conhecimento?

Monday, July 22, 2013

O dinheiro não compra algumas coisas, entre as quais:
- boa educação
- bom gosto
- inteligência

Queridos novos ricos, vão passear os vossos Ferraris amarelos com isso que vocês chamam de música, aos berros, para o subúrbio mais distante possível e deixem-me na minha paz e sossego, na minha condição de velha classe média. 
Eu não percebo nada de política, mas os políticos portugueses são mais fáceis de ler do que a Margarida Rebelo Pinto. Minto, a Margarida não é fácil de ler a menos que se tenha uma resistência à má escrita. Vistas as coisas, os políticos portugueses também não são fáceis de ler. Concluo que tenho resistência à má política.


Cisne envergonhado perante as palavras do Cavaco Silva. Quais palavras? É só escolher, não sejamos esquisitos. Acima de tudo, não sejamos piegas ou o Passos Coelho ainda se passa e fica mais tempo no governo (resta saber a governar o quê) só para nos mostrar o que é ser piegas. 

Thursday, July 18, 2013

"Quantos ovos põe normalmente?"



esperemos que não tantos quantas idiotices o senhor, também normalmente, diz.
Bibliotecas mais bonitas do mundo (para mim) #01



- British Museum Library London

Wednesday, July 17, 2013


Já estava com o mau feitio a trabalhar, a pensar o que raio fazem elefantes pintados (na maioria mal pintados e claramente a fazer publicidade de má qualidade às empresas que os compraram) espalhados na cidade quando o grilo falante da consciência me disse para ir perceber antes de criticar. Afinal, até é por uma boa causa. Resta saber se é eficaz e se a verdadeira intenção é a dita causa. 
"Elephant Parade’s open air art exhibitions create worldwide attention, public awareness and support for the cause of elephant conservation: the Elephant Parade statues never go unnoticed by the wider public and mass media.
Elephant Parade is a social enterprise with a unique combination of art, business and conservation. The better the art, the higher the value of the Elephant Parade statue at auction: the life size baby elephant statues are exhibited in well-known cities and auctioned off at prestigious gala events. Smaller size hand painted limited edition replicas and other Elephant Parade merchandise are created based on the exposition elephants and sold at better stores around the world, in Elephant Parade Gallery Stores and via the Elephant Parade webshop. 
The Asian Elephant Foundation auction/sell the statues and hence the foundation can support various projects. In addition to the sale of exhibition Elephant Parade elephants, 20% of Elephant Parade net profit is also distributed to The Asian Elephant Foundation. This generates a steady stream of ongoing income for the foundation. 
The Asian Elephant Foundation distributes monies raised to various projects and organizations in the 13 Asian range countries, solely dedicated to the wellbeing and conservation of the Asian Elephant. In addition to this, The Asian Elephant Foundation plays an active role in awareness and educational projects around the world."
Dúvida existencial do dia:


A improdutividade é o novo preto ou o que quer que seja a referência de moda?*

*tanta gente competente sem trabalho e tantos idiotas com cargos de responsabilidade que não sabem sequer escrever um e-mail completo.

Tuesday, July 16, 2013


se escrevesse um capítulo por pessoa que me pergunta se já acabei a #"@%$@ da tese, já tinha acabado o doutoramento e estaria a acabar um pós-doutoramento. Faltam línguas de perguntador para acabar a tese e entregar o doutoramento, sim? Experimentem trabalhar ao mesmo tempo que escrevem mais de 200 páginas e depois falamos. 

Brixton
Houve um momento em que decidiu: vou escrever sobre a Maria João? 

(...) Se eu escrever "a Maria João" fico acompanhado, ajuda-me a escrever. Já não consigo dissociar-me muito bem dela. Um casal tem uma vida própria. O Julian Barnes perdeu a mulher, que ele adorava, em 38 dias. Ele diz que quando se perde uma pessoa perde-se mais do que isso, perde-se a vida com aquela pessoa. Ela morre e ele fica menos do que meia pessoa. Isto tem um preço enorme. As pessoas cuidadosas, nas relações de namoro, guardam um sítio para onde voltar se tudo correr mal. No meu caso e no dela, não há sitio para voltar.

Escreveu uma crónica intitulada «O amor é um exagerador». É mesmo? 

Sim. É muito estranho querer estar só com uma pessoa da raça humana. O amor é um exagero. Aquela coisa "Como é que é possível, ela gostar dele que é tão horrível?" É uma coisa mágica. Duas pessoas que se encontram e formam uma unidade. Quando se vive assim, tudo é traição: "Ah, estás mais interessado em ler o jornal do que em falares comigo?!" No amor tudo pode ser traição. O amor é uma parada muito alta. Qualquer coisa pequena é uma coisa dramática. O amor é um exagero por isso. É tudo vivido à lupa. Há muita gente que acha de mau gosto. De mau gosto é uma pessoa fingir.

Miguel Esteves Cardoso, via Menina Limão - 
http://meninalimao.blogspot.com/

Friday, July 12, 2013

Há os programas "Querido, lixei mudei a casa", Querido, lixei mudei a creche" e afins. E se eu fizer um programa "Querido, lixei mudei a tese"?

"Project managers frequently claim ownership of the whole process of organizing and running projects, but this is the result of drastically inflating the importance of the “management” process. It also stems from an attempt to achieve “power over” the world, rather than realising that such a power is ultimately built upon the myth of redemptive violence. “Manage the project” successfully or else you will find that it takes control of you, we are told in numerous management texts. Thus to successfully run a project, we are told we need “Project Management”, involving the steps of Project Integration, Project Scope, Project Time, Project Cost, Project Quality, Project Human Resources, Project Communications, Project Risk, and Project Procurement. But this misunderstands the true nature of a project. Project management is only one of 12 essential processes required in running outrageously successful projects."
John Croft, Wednesday, 16 April 2008

Thursday, July 11, 2013

Não gosto (talvez porque não percebo) de política, de economia e, de gestão, nem vê-la. Mas não é preciso perceber muito para questionar o que é que passa na cabeça de uma presidente da Assembleia da República, num regime democrático, perante manifestantes, para invocar uma citação de Beauvoir que refere a opressão nazi sobre os franceses durante a II Guerra Mundial. Mas a Senhora Assunção Esteves faz ideia do significado e contexto da citação? Estes políticos serão só incompetentes? Ou iletrados? Ou, pior, percebem e gostam tanto de política como eu? Tantos cursos (vá, metade foram pagos mas não feitos) para fazerem comentários tão a despropósito. Vão ler, senhores. Melhor, vão fazer qualquer coisa, façam uns estágios não remunerados. Ou gerir uma reforma de 300 euros. Apliquem a teoria, aprendam. Mas, por favor, não usem citações sem saberem o que dizem. Por favor, não usem os vossos títulos ridículos para afirmarem o vosso poder ainda mais ridículo.  

Wednesday, July 10, 2013

Please do not write or reply to this email address. This auto-mailbox is not monitored and you will not receive a response.
- "Existirão sempre soluções para a estabilidade política."


- "Computers says no..."


Tuesday, July 9, 2013

Portas lê Álvaro de Campos e conclui, irregovalmente, que é velho. 


"Porque há só duas maneiras de se ter razão. Uma é calar-se, que é a que convém aos novos. A outra é contradizer-se, mas só alguém de mais idade a pode cometer."
"Since the 1980’s, financial institutions have been viewed as the most active corporate buyers of art (Martorella, 1990, p. 59; Wu, 2003, p. 225). (...) Many reasons can potentially motivate financial institutions to establish a collection. In view of the literature*, five principal dimensions were explored in the interviews: well being, education, brand image, corporate philanthropy and investment."

*na visão de uma literatura míope.

Monday, July 8, 2013

Calem-se o mais silenciosamente possível.

Fernando Pessoa, em 1923, com palavras que poderiam ser ditas em 2013. Só que não há quem as saiba dizer.

Álvaro de Campos, AVISO POR CAUSA DA MORAL
Quando o público soube que os estudantes de Lisboa, nos intervalos de dizer obscenidades às senhoras que passam, estavam empenhados em moralizar toda a gente, teve uma exclamação de impaciência. Sim — exactamente a exclamação que acaba de escapar ao leitor...

Ser novo é não ser velho. Ser velho é ter opiniões. Ser novo é não querer saber de opiniões para nada. Ser novo é deixar os outros ir em paz para o Diabo com as opiniões que têm, boas ou más — boas ou más, que a gente nunca sabe com quais é que vai para o Diabo.

Os moços da vida das escolas intrometem-se com os escritores que não passam pela mesma razão porque se intrometem com as senhoras que passam. Se não sabem a razão antes de lha dizer, também a não saberiam depois. Se a pudessem saber, não se intrometeriam nem com as senhoras nem com os escritores.

Bolas para a gente ter que aturar isto! Ó meninos: estudem, divirtam-se e calem-se. Estudem ciências, se estudam ciências; estudem artes, se estudam artes; estudem letras, se estudam letras. Divirtam-se com mulheres, se gostam de mulheres; divirtam-se de outra maneira, se preferem outra. Tudo está certo, porque não passa do corpo de quem se diverte.

Mas quanto ao resto, calem-se. Calem-se o mais silenciosamente possível.
Porque há só duas maneiras de se ter razão. Uma é calar-se, que é a que convém aos novos. A outra é contradizer-se, mas só alguém de mais idade a pode cometer.

Tudo mais é uma grande maçada para quem está presente por acaso. E a sociedade em que nascemos é o lugar onde mais por acaso estamos presentes.

Europa, 1923.

Friday, July 5, 2013

A (não) reacção ao caos social e político

"Das feições de alma que caracterizam o povo português, a mais irritante é, sem dúvida, o seu excesso de disciplina. Somos o povo disciplinado por excelência. Levamos a disciplina social àquele ponto de excesso em que coisa nenhuma, por boa que seja — e eu não creio que a disciplina seja boa — por força que há-de ser prejudicial."
- Fernando Pessoa

Thursday, July 4, 2013

Fernando Pessoa

“Eu não fui feito para a realidade, mas a vida veio e encontrou-me." 
― Fernando PessoaO livro do Desassossego