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Wednesday, June 12, 2013

Ser mãe e amar incondicionalmente. Ultimamente, tenho lido e ouvido mais vezes do que gostaria que ser mãe é condição para saber o que é amar incondicionalmente. Assim uma espécie de epifania que só acontece quando se é mãe. Alguns textos e comentários vão mais longe e falam do carregar (uma expressão fantástica) um ser por 9 meses, outros falam ainda do amamentar e da ligação materna que é tão enriquecida assim. Alguns destes textos e comentários dizem que quem não é mãe, antes de ser mãe, sabe lá o que é amar incondicionalmente. Suponho que os pais (homens), para algumas destas pessoas que tiveram esta epifania após serem mães, também não saibam o que é amar incondicionalmente. São uns insensíveis, uns seres incompletos, portanto.

Não sou mãe. Sou namorada, sou filha, sou irmã, sou tia, sou amiga, já fui neta. Talvez um dia venha a ser mãe. Não posso dizer taxativamente que sei melhor ou pior o que é amar incondicionalmente antes e depois de ser mãe porque não o sou. Mas sei que amo incondicionalmente. Sei que não preciso de ser mãe para saber o que é amar incondicionalmente. Repito: sei que amo incondicionalmente. E quem é amado incondicionalmente por mim também o sabe. 

Tinha prometido não escrever nem divagar sobre isto mas, hoje, nos minutos que tive de almoço, fui lá fora, sentei-me nas escadas que dão para a praça e estavam 3 irmãos. Um num carrinho de bébé, outro pequeno, com uns 3 anos e uma maior, com uns 6 anos. A mãe, a tal que carregou os 3 seres por 9 meses cada 1, nem vê-la. Fiquei ali, como acredito que qualquer pessoa que os visse ali sozinhos ficasse, junto deles a tentar que a menina de 6 anos não se afastasse das escadas no jogo de escondidas com o irmão. Entrei no edificio, meio corpo  dentro, meio corpo fora para me certificar que estavam ali, a tentar ver da mãe do amor incondicional. Nada. Passados uns 15 minutos, lá veio. Não aconteceu nada, os miúdos estavam seguros,  ri-me com eles, brincaram às escondidas sempre perto de mim com as minhas dicas ora a um, ora a outro, eu que de escondido só tinha o pânico de os imaginar a atravessar para o lado de lá da praça, que naqueles minutos me pareceu tão confusa como a Times Square ou como uma qualquer selva urbana ou não urbana. Não sou melhor nem pior do que aquela mãe. Se ela sabe amar incondicionalmente? Não faço ideia. Não posso concluir que não por achar que teve uma atitude idiota (todos temos tantas atitudes idiotas e para ela, provavelmente, a atitude idiota foi a minha) ou que sim por ser mãe. Tal como não me parece que alguém possa concluir que só sabe amar incondicionalmente quem é mãe.

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