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Friday, June 14, 2013


Para contextualizar a história, sou uma pessoa de cidade mas sou também uma pessoa que adora a natureza e animais. Mas adorar, amar, não é sempre o mesmo que perceber ou saber o que é melhor. Fui a uma vila muito pequena, Beaufort. Há um castelo muito alto, muito velho e não reconstruído com um terreno muito verde à volta protegido por uma cerca e vivem lá cerca de trinta ovelhas. Uma das ovelhas decidiu fazer um passeio num corredor que separava o campo das ovelhas de outra propriedade. Os humanos adoram ter coisas, propriedades e, claro, deixar bem explicito que lhes pertence, com placas de "Propriedade Privada, Não Trespassar!" Mas, bem, as ovelhas não sabem ler e aquela quis ir para o tal corredor privado da tal propriedade privada. Não faço ideia de como a ovelha conseguiu passar a cerca para o corredor e calculo que ela também não saiba porque não conseguia voltar ao terreno onde estavam as outras ovelhas. 

Como pessoa de cidade, que nunca viveu no campo, nem férias longas lá passou, o meu pensamento (que na altura me pareceu muito inteligente) foi que poderia simplesmente saltar a cerca (e fingir que não percebia o que poderia significar a versão alemã de "Propriedade Privada, Não Trespassar!" em letras garrafais) e pegar na ovelha e passá-la para o outro lado onde estavam a família e os amigos dela. O que não previ no meu plano (e vamos ultrapassar o facto do peso da ovelha que nem me passou pela cabeça, do alto dos meus menos de 50 kg) é que, talvez, a ovelha quisesse estar ali sossegada, apesar dos mééééé desesperados das outras ovelhas. 

Então, lá estava eu do outro lado da cerca, a correr atrás da ovelha. Eventualmente, descobri que conseguia abrir a cerca. Brilhante. Mas, não pensei que ela poderia não querer passar a cerca. Limitou-se a ficar no corredor, de cima para baixo, de baixo para cima, mas nem pensar em voltar para a família e amigos. Não consegui ajudá-la. Mas será que ela queria ajuda ou queria simplesmente paz e sossego naquele lado? Às vezes, os humanos têm esta coisa de quererem tanto ajudar, quererem tanto fazer uma diferença positiva, tentam com tanta força que esquecem (eu esqueço-me) de perguntar a si próprios e aos outros se, de facto, alguma coisa precisa de ser mudada e se querem mesmo ajuda. Às vezes, os humanos esquecem-se que amar não é sempre perceber ou achar que se sabe o que é melhor para o outro tanto como é aceitar, confiar e respeitar o outro. 



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