Numa manhã de Verão em Lisboa, alguém contava-me que, algures em NY, numa espécie de Jardim Botânico, tentam, a todo o custo, preservar uma planta rara, do Brasil. Levaram-na do Brasil para os Estados Unidos e esta planta mudou com a mudança geográfica. As folhas ficaram gigantescas e só há este exemplar que veio do Brasil mas já não é a planta do Brasil nem nenhuma planta dos Estados Unidos. Os botânicos do Jardim tratam-na com veneração, esta planta tão especial, retirada do seu lugar, da sua casa, uma planta que agora é enorme, num limbo entre alguma coisa e coisa alguma.
Na mesma manhã, alguém dizia-me da sua dificuldade em viver entre NY, Berlim e Lisboa. Lembrei-me da minha outrora facilidade em adaptar-me a quaisquer ambientes. Dizia, nessa altura, com orgulho, que a minha casa era precisamente onde não estava em casa, em qualquer lugar algures entre um e outro lugar. Como a planta do Brasil nos Estados Unidos, também eu mudei, com as mudanças de lugar em lugar, e sinto cada mudança das minhas raízes com taquicardia. Como a planta, também eu mudei, mas talvez para muito mais pequena.
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