Fizesse eu (ou faça eu) o raio do pós-doc e escrevo as crónicas do "queremos muito um projecto cultural mas não temos dinheiro". O sub-título será "não há dinheiro, não há palhaços".
Galeristas atrás de uma mesa que custou mais do que 3 meses do meu trabalho, com uma malinha Louis Vuitton a dizer "não temos dinheiro", não me incomoda, enfurece-me. Ditos directores artísticos a pedirem um projecto ali para o Hotel da moda a quererem pagar com percentagem de vendas potenciais (quando / se venderem), também não me incomoda, só me leva a questionar se foi com 20% de vendas hipotéticas, numa data hipotética, que ele pagou o BMW, o iPad, o iPhone e a moradia. Dá-me também uma enorme vontade de perguntar se sabe que esse projecto não é um projecto curatorial mas de decoração, mas isso é outra conversa e poupo-me de ouvir um "não é a mesma coisa?". Directores de Faculdades a aprovarem compras de mais computadores topo de gama mas fugirem da contratação de professores para disciplinas que estão a ser leccionadas por quem jamais exerceu o que está a leccionar também não é nada incómodo, é inenarrável, estúpido e vai contra a missão de uma instituição de ensino.
É raro saber o que se quer fazer profissionalmente desde sempre. Sempre quis trabalhar com arte, mas questiono, agora, se o saldo é positivo. E não é do saldo bancário que se trata.
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