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Thursday, June 26, 2014

"Não queria destacar nomes, até porque tenho visto demasiados percursos que não se consolidam depois das promessas de partida. O meio é muito adverso, o país é pequeno e não há museus. Há um circuito contemporâneo mas muito pouca história e poucos modernos para ver. Não é por acaso que o Pompidou não se separa em duas instituições, com uma parte moderna e outra contemporânea. Não é por acaso que a Tate Modern não afastou o moderno do contemporâneo, optando pela existência de duas instituições paralelas. Só o confronto permanente com o museu, com o Manet, o Bonnard, o Picasso, e não apenas fotografias e fotocópias de capítulos, consolida uma aprendizagem e uma vitalidade que aqui não podemos ter. Acho que é muito difícil sobreviver como artista interessante em Portugal, e mais ainda porque há certas facilidades que dificultam a solidez do trabalho. A entrada maciça de artistas no ensino universitário é uma coisa que não consagra mas destrói carreiras, tal como a administração do presente pelos museus que existem, e também a dinâmica coleccionista que aposta em especial em jovens artistas, nas emergências a baixo preço, e que não favorece ou acompanha as maturidades, se a elas se pode chegar aqui. As características actuais do mercado de arte são muito gravosas para a consolidação das carreiras."

- Alexandre Pomar em entrevista a Sandra Vieira Jurgens para ArteCapital, 2008 

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