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Friday, June 13, 2014

Alguém me dizia que "nos afectos, as pessoas deixam de ter uma idade associada". Fiquei a pensar nisto, se realmente associo ou não uma idade às pessoas que me são mais próximas.

A minha irmã fez ontem 40 anos. Escrevi, li, reli e continuo a não associar 40 anos à minha irmã. A minha irmã é a menina maior que eu, que corre muito e gosta mais de azul do que de amarelo. A minha irmã é a menina de sorriso rasgado e gargalhada fácil. A minha irmã enche a parede de posters de rapazes que me parecem velhos que aparecem nos filmes e não sei os nomes. A minha irmã é a menina maior que eu que me dá a mão antes de atravessar. E depois de atravessar também. E a subir as escadas, para eu não tropeçar. A minha irmã pediu muito uma mana e eu vim, passados alguns anos, numa chegada triunfal quando a minha mãe já estava prestes a desistir, então com 41 anos. Parece que sempre fui do contra.

Há uns dias, em casa da minha mãe, folheava as fotografias que eu e a minha irmã decidimos retirar dos albuns num dia de aborrecimento. Não me lembro ao certo do que nos passou pela cabeça, talvez fosse um dia em que não tínhamos nada que fazer e resolvemos organizar as fotografias. A obra ficou a meio, assim numa espécie de lugar temporário que já ali está há uns 20 anos. Nas fotografias mais antigas em que aparecemos as duas lado a lado, há uma constante: o meu olhar de admiração para a minha irmã, a menina grande, de passo certo e decidido. Se associasse uma idade à minha irmã, seriam os 12 anos. Parecia-me tão grande, tão alta, tão conhecedora de tudo. Sabia que ela me protegeria de tudo e de todos. Hoje, temos a mesma altura mas a minha irmã será sempre a menina grande, de sorriso rasgado e gargalhada fácil a quem não consigo associar muito mais do que aqueles 12 anos.

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