Querido Obama,
Antes de escrever, fiz o exercício de
contar até dez, respirar fundo e tentar ver o lado positivo.
Obrigada por teres vindo aqui à terra. Um
caminho que demoro dez minutos a fazer, demorou hoje mais de trinta minutos o
que me possibilitou descobrir um restaurante italiano nos confins de um beco,
um café que é também mercearia numa rua que não conhecia e ainda passar pelo
parque cá do bairro com o arco que hoje me pareceu a Brandenburger tor.
Falei ainda com dois polícias muito amáveis que me indicaram os caminhos de
curvas e contra-curvas, sempre com um sorriso de quem não tem que fazer os
percursos indicados.
Não te apoquentes que não foi maçada
nenhuma, afinal só paguei 2,50 euros por um café que costuma custar 1,00 euro
mas tive direito a um bolinho que me caiu para o chão, certamente pelo
entusiasmo de te saber cá na terra.
Também não foi nada chato percorrer a mesma rua de trás para a frente até uma alma caridosa explicar-me que não, que não é mesmo possível ir para a praça onde vivo e que temos que esperar ali até à uma da tarde, eventualmente até às três, ninguém sabe ao certo, e que não vale a pena eu dar mais voltas, mais vale esperar no único café em que se pode entrar e esperar. Sentada.
A culpa não é tua meu querido ilustre, nem
de todos os outros ilustres que têm reuniões muito importantes nos edificios de
vidro. A culpa é dos idiotas cá da terra (desta e de todas as outras, não é
exclusivo) que teimam em fazer um circo à vossa volta e fazem todos acreditar
que estamos perante deuses. Certamente haverão explicações inteligentes e
inteligiveis, eu é que sou uma provinciana que não é desta terra.
Pronto, já contei até dez, já respirei
fundo e não resultou.
No comments:
Post a Comment